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segunda-feira, 31 de março de 2008

Apresentação de Lourenço Netto no programa a Canção do Tempo







sexta-feira, 28 de março de 2008

Mentes Nubladas





Entre no link http://bacaninha.uol.com.br/home/mensagens/fotos/2002/06/campanha_contra_a_maconha/campanha.html, para conferir mais sobre a campnha contra maconha

Maconha e o cérebro
O efeito sobre as funções nobres do cérebro, embora não seja tão pesado, pode prejudicar o comportamento dos usuários. O risco da dependência é pequeno, mas não é desprezível. A capacidade de aprender e de raciocinar e a memória diminuem.
Quem fuma regularmente por muitos anos tem dificuldade para organizar grandes quantidades de informações complicadas.

Maconha e a dependência
Grande parte dos usuários pesados, desses que fumam diariamente durante meses, acaba-se viciando. As estatísticas indicam que até metade dos fumantes desse tipo perdem o controle sobre o hábito e precisam de tratamento para se recuperar. Entre os que não conseguem a cura, muitos apresentam sintomas que agravam a dependência. Ficam desmotivados para qualquer coisa, tornam-se menos produtivos em suas atividades, sofrem de depressão e têm a auto-estima abalada.
Apenas fumantes pesados caem na dependência, e eles são cerca de 10% de todos os que experimentam a droga. Dito de outra maneira, o vício nem é inevitável, nem acontece com freqüência.

Maconha e drogas mais pesadas
Meninos e meninas, especialmente nos últimos anos, têm, sim, seguido essa trilha. Nota-se que a experiência com a canabis precede o interesse por outras substâncias, são as colas de sapateiro, as anfetaminas, a cocaína e a heroína. Quanto mais cedo se começa a fumar, maior é o envolvimento com a maconha. Entre os jovens nessa situação, é maior a possibilidade de contato com drogas mais perigosas.

Maconha e o trânsito
Sob ação da droga, fica mais difícil executar desde tarefas simples, como datilografar, até as de maior responsabilidade, como dirigir um automóvel. Em simulações, motoristas que fumaram 1 hora antes do teste brecam em hora errada e demoram para reagir aos sinais de trânsito.
Alguns testes sugerem que o fumante percebe a diminuição da coordenação motora e procura compensar essa deficiência, concentrando-se mais no que está fazendo. Nos desastres de trânsito em que o motorista demonstra ter fumado maconha, é comum ele também ter bebido álcool.

Maconha e a respiração
Em conseqüência de doses elevadas da erva tóxica, aparecem lesões na traquéia, nos brônquios e, em menor intensidade, em algumas células de defesa do organismo chamadas macrófagos alveolares. Os usuários ficam um pouco mais vulneráveis do que o resto da população. Especialmente à bronquite obstrutiva crônica.

Maconha e o ciclo menstrual
A droga deixa o organismo com falta de diversas substâncias essenciais à reprodução, entre as quais os hormônios. A carência ocorre durante uma das etapas da menstruação, a chamada fase luteal, e a ovulação demora mais do que demoraria normalmente.

Maconha e a gravidez
Fumar durante a gravidez prejudica a criança. Usar a droga antes ou durante a gestação pode deixar as crianças mais suscetíveis a certos tipos raros de câncer. Entre os tumores está o da chamada leucemia não-linfoblástica, que contamina o sangue, e o do rabdomiosarcoma, que ataca os tecidos nervosos. Um outro problema são as crianças que nascem com peseo abaixo do normal devido ao contato prévio da mãe com a erva tóxica.

Maconha e a esquizofrenia
Pacientes de esquizofrenia entram em crise pouco tempo depois de fumar. Em algumas situações, nota-se que, se a dose de canabis é grande, cresce também a chance de uma crise.
Não dá para provar que a maconha provoque a doença. O motivo é simples: pode ser que, justamente por terem esse tipo de problema mental, os pacientes desenvolvam propensão ao consumo da erva. Ou seja, é como se o hábito de fumar fosse causado pelo mal, e não o contrário.

Planet Hemp - queimando tudo

Malditos e Marginais da MPB





por Rovilson Jr.
Em nosso tempo todos apontam a atual arte como desprezível, e diz que não se faz, mas música como arte e somente com intenção de comercio. Mas alguns raros artistas ainda provam o contrário, que a arte ainda está ai “e não só pode, como deve sim ser bem usada”.
Lourenço Netto quis mesmo entrar de cabeça nesta idéia, jogou fora os métodos e as partituras e assim fez sua música e arte. Um artista que pode se dizer multimídia, utiliza em seu trabalho não somente a música, mas também a pintura, cinema, teatro e tudo que tenha vontade.
O melhor de tudo isso é que ele esteve aqui em terras mineiras mostrando um pouco de seu atual trabalho, “Lourenço Netto e o Mundo Extra-Físico”, que é o nome do show e também de seu primeiro CD de carreira solo, que está em fase de gravação.
Na ultima quinta feira (27) pudemos conferir o artista campinense em performance, Lourenço esteve na Rádio Estância de Jacutinga, e se apresentou no programa “A Canção no Tempo”. Onde deu entrevista e tocou algumas de suas músicas, no repertório esteve presente músicas de seu recente trabalho, e também da época do “Domchelo”, sua antiga banda, com a qual gravou quatro Cds.

Lourenço Netto “e Seu Mundo Extra-Físico”
Paulista, nasceu na cidade de Campinas, e se envolveu com arte muito cedo, o que possibilitou posteriormente, atuar em diversas manifestações artísticas.
Um artista bastante espiritual, do signo de touro, é uma boa noticia da nova música brasileira., seu trabalho não só resume em música, ele também pinta e trabalha com adereços, teatro. Tem como objetivo ser reconhecido pelo o que é, sua arte transforma um mundo, diz nesse sentido querer levar paz e harmonia aos povos.
Sua primeira banda foi quando tinha 17 anos, um pouco tarde, ela se chamava “Rota 99”, e nela tocava guitarra rock n rool . Depois entrou para a banda “Tributo”, já como baixista! Foi nessa época que suas composições começam a sair do armário.
Fez parte ainda do “Nana de deus e Os Putos do Bairro”, onde parece ser o começo da mudança de sua visão sobre música,sons e tudo mais. Com esse novo ar, funda no ano de 2004 o quarteto de jazz “Café Com Barro”, foi uma época de muita harmonia na cabeça, o jazz nos possibilita isso, diz Lourenço.
E neste mesmo ano é convidado para entrar para o “Barraco Sonoro” que tinha como integrante seu amigo Beto Tanaka (voz e guitarra), assim com o novo baixista e compositor o grupo começa a gravar suas próprias músicas. Então as coisas começam a acontecer com mais verdade.
Mas só em 2006 acontece o evento que iria mudar sua vida, e levar as atitudes que ele tem tomado de divulgar suas músicas. Nascia o Domchelo, banda que Lourenço gravou quatro Cds, e venderam alguns deles nas ruas! Quem quiser pode conferir no youtube, é só puxar pelo nome da banda. Também descobre com essa turma a tal “Ondas Magnéticas”, que o artista faz questão de falar sempre.
Ondas Magnéticas segundo Lourenço são as ondas de atração ,ondas de pensamentos!Magnetismo!Pessoas de outras dimensões só podem se comunicar com a gente graças às ondas magnéticas! São ondas de forças da natureza invisível.
Agora em carreira solo divulga seu novo trabalho “Lourenço Netto e o Mundo Extra-Físico”,
Na verdade toda essa luta artística é o retrato do nosso país, a arte reflete a péssima política cultural que o Brasil enfrenta nos dias de hoje. Enquanto se gastam milhões de reais nas CPI... Pra você ver, ser artista reconhecido nesse país e ter apoio digno da sociedade, no mínimo você tem que ir e voltar três vezes no purgatório, diz Lourenço.
Para quem quiser conhecer mais sobre a arte e atitude Lourenço Netto, é só procurar nos seguintes endereços:
www.myspace.com/lourenonetto
www.myspace.com/odomchelo
www.expressaolivrearts.com
Uma recente entrevista para o jornal de Belém do Pará “O Rebate” em:
http://orebate-maurobicudo.blogspot.com
Ou ainda procurar no youtube ou orkut pelo seu nome, onde você poderá entrar em contato com suas músicas, quadros, e afins.

A Consciência e a Criatura
Lourenço Netto!A Consciência e a Criatura

Uma pequena viagem entre a consciência e a criatura que todos nos conhecemos!
Lourenço Netto,fez alguns anos atraz um pequeno texto que era ilustrativo!Agora em 2008 ele músicou este texto,e nasceu a canção,"A Conciência e a Criatura" e um pequeno aviso sobre livro arbitro,e sobre ação e reação,sobre os caminhar dos atos e como isso nós levas as vezes a momentos infernais!
Uma deliciosa canção!
Lourenço Netto voz e violão!
Tambem responsavel por estes vidios!

O Mundo Extra-Físico!Odisséia!
Lourenço Netto e O Mundo Extra-Físico!Odisséia!

Odisséia é uma canção de Lourenço Netto!
Uma canção que fala sobre as imigrações da alma, sobre fortalezas e paraísos!
Sobre a alma despida e aflita!
Lourenço Netto um compositor natural de Campinas-SP,faz os próprios vídeos!
Agora com vocês “Odisséia”

Palavras
Lourenço Netto!Palavras

"Palavras" Um Poema de Nana de Deus,uma música de Lourenço Netto . Está canção nasceu na web . POr que Nana de Deus está em Salvador e Lourenço Netto em Campinas . Uma maravilhosa canção! (mais)

O Sangue de Roberto Bach
Lourenço Netto!O Sangue de Roberto Bach

É uma parceria de Roberto Bach e Lourenço Netto . Roberto Bach artista genial compositor . Seu ultimo cd que chama-se"Pequeno Concerto Campestre"E um trabalho de tamanho respeito para a historia da musica popular brasileira!
No caso desta parceria com o compositor e Ex-DOMCHELO Lourenço Netto Bach simplesmente contribui com a letra e melodia o restou para o Netto a honra de harmoniza aquilo que é "O Sangue de Roberto Bach"Estes dois compositores tambem são pintures geniais!Procurem outros trabalhos de Roberto Bach e Lourenço Netto (mais) O sangue de Roberto Bach.
É uma parceria de Roberto Bach e Lourenço Netto . Roberto Bach artista genial compositor . Seu ultimo cd que chama-se"Pequeno Concerto Campestre"E um trabalho de tamanho respeito para a historia da musica popular brasileira!
No caso desta parceria com o compositor e Ex-DOMCHELO Lourenço Netto Bach simplesmente contribui com a letra e melodia o restou para o Netto a honra de harmoniza aquilo que é "O Sangue de Roberto Bach"Estes dois compositores tambem são pintures geniais!Procurem outros trabalhos de Roberto Bach e Lourenço Netto

O Poeta Vidente

Por Luis de Morais Junior
Jean-Nicolas Arthur Rimbaud (conhecido como Arthur Rimbaud), nasceu em Charleville, na França, em 20 de outubro de 1854, e faleceu em 10 de novembro de 1891, em Marselha, também na França. É considerado um dos maiores poetas franceses e expoente do chamado simbolismo.
Arthur Rimbaud nasceu no seio da classe média provincial de Charleville no nordeste da França. Foi um garoto inquieto, impaciente, porém um aluno brilhante. Aos quinze anos ganhou muitos prêmios e compôs versos originais e diálogos em latim.
Rimbaud teve como mentor literário seu professor Georges Izambard, e seus versos em francês começaram a melhorar rapidamente depois disso. Foi influenciado também pelos franceses Victor Hugo, Charles Baudelaire, seu amigo pessoal Paul Verlaine, além do americano Walt Whitman.
Ele fugia freqüentemente de casa e uniu-se por pouco tempo à Comuna de Paris de 1871, que foi retratada em seu poema L’orgia Parisiense (“A orgia parisiense”). Acredita-se que pode ter sofrido violências sexuais por soldados bêbados da Comuna e seu poema Le Couer Supllicié (“Coração Torturado”) parece sugerir isso. Nesta época ele se tornou um anarquista, começou a beber e se divertia chocando a burguesia local com suas roupas velhas e rasgadas e com seu longo cabelo, que mantinha sempre desarrumado.
Neste mesmo tempo escreveu sua famosa carta para seu professor Izambard, chamada de Les Lettres du Voyart (“As Cartas do Vidente”), onde descreve seu método para atingir a transcendência poética ou o poder visionário através do “longo, imenso e sensato desregramento de todos os sentidos”.
Vai para Paris em 1871 por um convite do iminente poeta simbolista Paul Verlaine, que lhe apresenta as “rodas” intelectuais parisienses. Diz-se que Verlaine se apaixonou por Rimbaud a ponto de abandonar esposa e filho, e que os dois levaram uma vida ociosa, regada a absinto e haxixe, escandalizando o círculo literário de Paris por causa do comportamento ultrajante de Rimbaud, o arquétipo enfant terrible, que continuou escrevendo notáveis versos visionários. Sobre o envolvimento homossexual entre Rimbaud e Verlaine não se sabe se é ou não lenda, já que só existem registros do envolvimento de Rimbaud com mulheres, tendo sido casado com algumas. Já Verlaine era um notório bissexual.



Rimbaud teve um único livro publicado em vida, Une Saison En Enfern (“Uma Estação no Inferno”), escrito em 1872 e lançado em outubro de 1873, com dinheiro do próprio bolso. Escrito em prosa poética sob o manto metafórico do simbolismo é uma verdadeira obra-prima da literatura universal. Suas outras obras lançadas como “Les Lettres du Voyant” (Cartas do Vidente), “Iluminations” (Iluminações), além de poemas como “Bateau Ivre” (Barco Embriagado) e a “Vierge Folle” (Virgem Louca), foram organizados e lançados posteriormente e muitos dos seus escritos foram perdidos.
Por volta de 1875 Rimbaud acabou por desistir de escrever e resolveu trabalhar e tentar ficar rico. Alguns dizem que ele manteve vivo seu antigo estado selvagem, enquanto outros sugerem que ele pretendia ficar independente financeiramente para um dia viver como um poeta despreocupado e tranqüilo. De qualquer forma, ele viajou por toda Europa, até mesmo a pé, e morou por um tempo na África, onde foi mercador, negociando, entre outras coisas, armas de fogo.
Em 1891, retornou para falecer em Marselhas, vítima de um câncer que se espalha pelo seu corpo inteiro.
Arthur Rimbaud foi um fenômeno poético, um vidente absolutamente iluminado e um ícone da literatura francesa. Teve sua personalidade elevada a mito, transformando-se em bandeira do irracionalismo, da redescoberta do corpo e da busca da totalidade do ser humano.

O barco embriagado



Enquanto eu acompanhava rios impassíveis,
Não me senti mais guiado pelos rebocadores:
Índios aos berros os tomaram por alvo,
Pregando-os nus aos troncos de cores.

Não me preocupei com todas as equipagens,
Carregando trigo flamengo ou algodão inglês.
Quando com meus rebocadores acabou a gritaria,
Os rios me deixaram descer onde queria.

Através dos furiosos murmúrios das marés,
No outro inverno, mais surdo que mentes infantis,
Eu corri! E as penínsulas desgarradas
Nunca tiveram tão triunfais algazarras.

A tempestade abençoou meus despertares marinhos.
Mais leve que a rolha dancei sobre ondas
Que são para as vítimas eternos redemoinhos,
Dez noites, sem lamentar o olho tolo dos faróis!

Mais doce que às crianças a carne das maçãs,
Penetra a água verde meu casco de pinho
E das manchas de vômitos e do azulado vinho
Me lava, dispersando o leme e o arpão.

Desde então mergulhei no Verso
Do Mar, leitoso e de astros mesclado,
Devorando os azuis verdes; onde, lívido imerso
E arrebatado, desce um pensativo afogado;

Onde, tingindo num instante os azuis, delírios
E ritmos lentos no clarão dos dias,
Mais fortes que o álcool, mais vastas que as liras,
Fermentam do amor acres rubras melancolias!

Sei de céus que estalam em raios, de tormentas
Ressecas e correntes: sei da noite e do Alvorecer
Exaltado tal o revoar de miríades de pombas,
E vi certas vezes o que o homem acreditou ver!

Vi o sol poente, manchado de horrores místicos,
Iluminando longos coágulos violetas,
Como atores de dramas muito antigos
Ondas distantes rolando arrepios de frestas!

Sonhei a verde noite de neves deslumbrantes,
Beijo afluindo aos olhos dos mares lentamente,
A circulação de seivas espantosas,
E o despertar azul amarelo dos fósforos cantantes!

Vaguei, por meses, como gado histérico,
As ondas arrebatando os recifes,
Sem pensar que os luminosos pés das Marias
Pudessem cavalgar o Oceano asmático!

Atingi, como sabem, incríveis Flóridas
Mesclando às flores olhos de panteras
Com pele humana! Arcos-íris tensos qual rédeas
Sob o horizonte dos mares, em glaucos rebanhos!

Vi fermentar enormes pântanos, ardis
Onde entre os juncos um Leviatã apodrece!
Despencam águas em meio a calmarias,
E horizontes para os abismos descem!

Geleiras, sóis de prata, vagas de nácar, céus de brasa!
Encalhe odioso no fundo de golfos negrumes
Onde cobras gigantes devoradas por percevejos
Caem, de tortos ramos, com negros perfumes!

Queria mostrar às crianças estas douradas
Na onda azul, estes peixes dourados, estes peixes cantantes.
— Espumas de flores embalaram minhas fugas
E inefáveis ventos me alaram por instantes.

Às vezes, mártir cansado dos pólos e das zonas,
O mar cujo soluço adoçava meus vagueios
Me alçou suas flores de sombra de ventosas amarelas
E eu ficava, qual mulher de joelhos...


Quase ilha, balançando em minhas margens as brigas
E os excrementos de pássaros dos olhos loiros gritando.
E eu navegava, quando através de meus tênues laços
Afogados desciam dormir, recuando!

E eu, barco perdido sob os cabelos das angras,
Pelo furacão no éter sem pássaro lançado,
A quem os Monitores e os veleiros das Hansas
Não teriam a carcaça ébria de água resgatado;

Livre, fumando, alçado de brumas violetas,
Eu perfurava o céu rubro como o muro
Que traz confeito doce aos bons poetas,
Líquens de sol e escarros azulados;

Que corria, manchado de lúnulas elétricas,
Prancha louca, por hipocampos negros escoltado,
Quando julho desmoronava a bastonadas
Os céus ultramarinos ardentes fundados;

Eu que tremia, ouvindo gemer de cinqüenta léguas
O cio dos demônios e dos abismos estreitos,
Tecelão eterno das imobilidades azuis,
Lamento a Europa dos antigos parapeitos!

Vi arquipélagos siderais! e ilhas
Cujos céus delirantes se abrem ao vogar:
— É nestas noites sem fundo que dormes e te exilas,
Milhão de pássaros de ouro, ô futuro Vigor?

Mas, verdade, chorei muito! As auroras são magoantes.
Toda lua é atroz e todo sol, amargo:
O acre amor me inflou de torpezas embriagantes.
O que minha quilha estale! 0 que eu vá ao mar!

Se desejo uma água da Europa, é o charco
Negro e frio onde no crepúsculo perfumado
Cheio de tristeza um menino agachado
Como borboleta de maio solta o tênue barco.

Não posso mais, banhado por vossos langores, ô ondas,
Levar seus sulcos dos carregadores de algodões,
Nem atravessar o orgulho das bandeiras e das chamas,
Nem nadar sob os horríveis olhos dos pontões.

Tradução de Alberto Marsicano e Daniel Fresnot

Punk um grito suburbano

Agora quem vai dar as cartas por aqui é o punk, isso mesmo, se você curte led ou pink floyd, pode vazá, porque a aqui o buraco é mais embaixo, seu sacana, mas se você for um punkeiro assumido, pode e dever ler esta matéria do caralho... Vai que é tu...



Anarquia no Reino Unido, pura porrada de som da banda mais sacana e fedorenta da história, puxe seus cabelos e rasgue suas calças, você também é um punk

PUNK UM GRITO SUBURBANO

Nos subúrbios de São Paulo, em plena ditadura militar, emerge da opressão e censura, um tipo estranho de resposta, um tipo estranho de movimento, querendo quebrar as regras, enfrentar a polícia, enfrentar a sociedade e o capitalismo, reivindicar direitos e condições melhores aos trabalhadores e atacar o consumismo. É o punk rock brasileiro, fortemente influenciado pelo punk inglês.
O movimento surgiu no Brasil no final da década de 70, e consolidou-se pelas bandas de SP e do ABC Paulista no início dos anos 80.
Mas você sabe o que é punk? Punk é a idéia do faça-você-mesmo. É você se vestir com uma aparência agressiva ao olhar da sociedade dita limpa. Usar cabelos espetados, colorido, usar piercing, cortunos, calças coladas e rasgadas, tudo o que for estranho aos burgueses de casaca é o estilo punk.
O punk nasceu em 1974 com a banda The Ramones, que faziam músicas com três acordes, usando power-chords, com paletadas rápidas e cruas, sem nenhum delicadeza. O estilo Ramones, que usavam jaquetas de motoqueiros, calça-jeans, tênis e camisetas brancas, virou febre nos jovens americanos.
Dos Estados Unidos, o punk migrou para a Inglaterra, da onde surgiu aquela que seria a banda mais idolatrada dos punkeiros de plantão, Sex Pistols, a banda que não tava nem aí pra nada e ninguém. O garoto propaganda da banda, Sid Vicious, foi um cara que não tocava nada de baixo, mas em compensação, tinha atitude punk de sobra, subia no palco bêbado, falava palavrão, infernizava a vida das autoridades, o cara infelizmente morreu de overdose aos 21 anos de idade, em uma festa na casa de sua mãe, depois dele sair da cadeia.
No ano de 1982, o movimento punk explodiu no Brasil, especificamente em São Paulo e no ABC Paulista. Foi lançado o primeiro vinil punk brasileiro "Grito Suburbano", compilando músicas das bandas Cólera, Olho Seco e Inocentes. As gangues do ABC Paulista tretavam contra as gangues de São Paulo, mas com o regime militar, e a violência da polícia, as forças punks se uniram, e mostraram a cara para o Brasil inteiro, culminando com o festival “O COMEÇO DO FIM DO MUNDO”, realizado nos dias 27 e 28 de novembro de 1982, no recém inaugurado SESC Pompéia. Só pelo nome do festival, a mídia e a população tremiam na base. Será o fim do mundo?
As rivalidades, brigas e violência, cederam espaço para a união, música e protesto contra o regime militar. No final, a polícia, como era de praxe para os punkeiros, baixou na aérea e distribuiu paulada a reveria, se salvou apenas quem estava dentro do SESC, onde a polícia não podia entrar. A noite, no Fantástico da Rede Globo, foi a vez da mídia sensacionalista baixar o cassete no punk, imagens de brigas e violência foram atribuídas ao punk, fazendo a população acreditar que o movimento era violento e composto de bandidos e marginais.
No final da década de 80 e início da década de 90, o punk rock brasileiro teve algumas baixas com bandas se separando, mudando de estilo, casas de shows sendo fechadas e ostracismo.
Nos anos 90 o punk rock voltou com tudo, muito graças à divulgação do estilo pela internet e pelo interesse de algumas gravadoras por novas bandas.
Vendo a chance de voltar à ativa, muitas bandas da primeira geração do punk brasileiro vieram com tudo. Foram os casos de nomes importantes como Inocentes, Cólera e Garotos Podres.
A partir da segunda metade da década de 90, novas bandas de punk rock surgiram, resgatando o estilo original, com pegadas street punk e com uma cara nova para o punk brasileiro. Dentre essas bandas destacam-se nomes como Lambrusco Kids, Excluídos e Flicts, todas formadas a partir de 1995.
A partir do ano 2000, com novas casas de shows underground abrindo em todas as cidades brasileiras e com a firmação da internet como veículo principal de divulgação das bandas, ocorreu uma verdadeira explosão na cena e os nomes de bandas se multiplicaram às centenas.
Em 2007, a cena punk sofreu novos ataques da mídia por crimes cometidos por jovens que assumiram-se punks apesar de assasinarem um trabalhador que vendia pizzas em São Paulo por que o mesmo se negou a dar um desconto de 40 centavos no preço de um pedaço de pizza. Apesar de assumirem-se como punks, as atitudes destes jovens renegam os ideais punks como o anti-consumismo e a defesa da classe trabalhadora.

Olho Seco - Castidade


Lave seus ouvidos, porque agora é vez de Olho Seco espancar

Agota tu senta essa bunda na cdeira, porque você vai saber quais são os 10 melhores discos de Punk Rock do Brasil

por Bruno Cavalcanti


RESTOS DE NADA
Roga a lenda que eles já tocavam punk rock em 1977, antes mesmo de saberem que diabos era isso. Então tá! Fora esse papo auto-promoção, este disco é um clássico: muito bem tocado, músicas bastante criativas e, principalmente, letras viscerais de ódio e inconformismo sob o vocal de Ariel, carregado de desespero existencial perturbador!

LIXOMANIA "Violência e Sobrevivência"
Isso que é punk rock! Letras tocantes de tão infames! Instrumental básico e vocal rasgado. Só como referência, as músicas lembram Os Cabelo Duro, da demo-tape. Esse Ep é bastante raro, talvez o disco punk nacional mais difícil de se conseguir. "Os punks também amam, é verdade eu comprovei!" é um clássico! Afinal, punk não é de ferro, né, gente?

Lixomania- Os punks tambem amam


CÓLERA "Pela Paz em todo o Mundo"
Segundo álbum da banda, de 1986. Todo mundo já chorou com "Adolescentes" ou imaginou um clip do tipo "We are the World" para a música "Pela Paz em todo o Mundo", podem assumir! Um grande trabalho conceitual, talvez o único do tipo no Brasil, com um encarte bem sacado, que lembra o tipo de coisa feita pelos anarco-punks ingleses do Crass ou Conflict.

SUB
O primeiro disco punk do Brasil que tive em mãos e o primeiro a ser lançado, em 1982. Tirando o RDP, é uma coletânea de vários hits de boas bandas. Cólera é a que mais se destaca, pois aqui está o hino punk de todos os tempos: "Quanto vale a Liberdade?" Leva também o prêmio da capa mais comunista do mundo, só faltava ter sido dedicado à memória de Trotsky.

ATAQUE SONORO
Se existe uma coletânea definitiva de punk rock no Brasil, esta é a grande pedida. Esqueça as imitações fajutas! Ela é a culpada de ser o grande exemplo seguido por todos os independentes que viriam a seguir. Contém os grandes sucessos do "Vírus 27", "Espermogramix" e "Lobotomia". Foi lançada em cd com bônus, pena que não se ache mais para comprar.

REPLICANTES "O Futuro é Vortex"
Não há nada mais punk rock do que isso: batida 4x4 quase sem bumbo, guitarra sem compressor, baixo só pra dizer que tem, e um vocal... er, o vocal melhor dizendo, o vocal gutural e efisêmico, etílico e desdentado, de Wander Wildner. The Eaters e The Damned juntos é a melhor forma de definir a sonoridade desse Lp. Confira como este disquinho é tri!

OLHO SECO "Primeiros Dias"
Este mini-Lp é a demo dos caras de 1981. Houve duas prensagens, uma com "Viva Nóis" mas sem "Feito Gente", e outra de forma invertida. As letras são totalmente no sense numa base Discharge. A banda continuou por anos nos becos, e talvez seja a única com tanta fama tendo apenas as músicas de uma demo. Depois lançaram um cd, mas numa trambicagem só.

REPLICANTES "Histórias de Sexo e Violência"
O disco começa com um hardcore à la Chaos Uk, "Chernobil". A coisa não dá descanso, passando pelas punkadarias de "Sexo & Violência", "Festa Punk", inclusive a proto-punk Brega "Astronauta". "Adúltera" foi censurada, mas eles incluíram a música no disco sem a letra só de marra! A capa é a mais punk de todo o mundo.

CÓLERA "Caos Mental Geral"
Apesar de ser bem recente, já na era do cd, mostra um Cólera que nunca enferruja, com faixas emocionantes, embora as regravações deixem a desejar em relação às originais. A única banda punk dos primórdios que continuou intacta em seu estilo e postura. A capa, assim como a contra-capa, deve ter sido feita pelo filho débil-mental de Redson.

CAMISA DE VÊNUS
Antes de bufar, tire esse Lp do fundo do armário, limpe a poeira e coloque pra rodar. Comprove se não é um punk rock danado de bom?!? E as letras blasfêmicas e afiadas de Marceleza? Esse Lp (1983) ficou preso na gravadora pela censura por dois anos. A banda não pôde gravar até 85, de forma que foram lançados oficialmente o 1o. (83) e o 2o. (85) disco juntos.


Letras reclamam e protestam contra a miséria, pensa que é só barulho, nos anos 80, inflação a mil, fome e desemprego pra tudo lado, o punk rock brasileiro tinha idéias e se preocupava com os pobres miseráveis, confira a música da banda Cólera “NÃO FOME!”

cólera cover - NÃO FOME



- Não te quero não!

Quem pode agüentar tanta inflação?
E já não dá pra comprar
Nada pro café, nada pro almoço
E nada para o jantar.

Pão com pão passado
Não vai sustentar
É preciso nutrição pra gente
Pelo menos PENSAR!

NÃO FOME! NÃO FOME! NÃO FOME NÃO!
NÃO FOME! NÃO FOME! NÃO, NÃO, NÃO
NÃO TE QUERO NÃO!

Quando aumenta nosso salário
A gente cai na ilusão
Muitas, muitas compras
Não vamos fazer
Ou compra arroz ou feijão.

Não precisa carro, nem televisão
Muita gente está morrendo
com esta SUBNUTRIÇÃO.

The Ramones - Blitzkrieg Bop


Curte essa banda que presenteou o mundo, a sua vida, com o punk

Caminhos

quarta-feira, 26 de março de 2008

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segunda-feira, 17 de março de 2008

Malditos e marginais da MPB




Vou Chamar o Síndico, Tim Maia!!! (Jorge Ben)

O leitor pode discordar a princípio desta coluna "Malditos e Marginais da MPB", estar falando sobre Tim Maia, o gordinho mais encrenqueiro do Brasil. Mas é fato que já fazem 10 anos de sua morte, e ainda é difícil para a música brasileira suprir esta grande falta.
Hoje dia 15, faz 10 anos que Tim "partiu para fora do combinado", e homenagens não vão faltar, com shows por todo o país, que vão de artistas consagrados, da turma do soul, e ainda a rapaziada que está começando, que em lugares pequenos promete fazer a turma dançar.
E ainda recentemente, podemos falar de três fatos que botaram a tona o músico doidão. O lançamento da biografia "Vale tudo", Nelson Mota Ed. Objetiva, um especial transmitido pela TV Globo (emissora que boicotou Tim, e o proibiu de aparições na telinha por alguns anos, esquisito não?!!!), e por último a notícia mais importante, um achado de oito músicas que seriam o "Racional vol. III", um conjunto de músicas nunca lançadas da fase mística do cantor, de quando ele estava filiado à seita Universo em Desencanto e a Cultura Racional.
Tim Maia (28 de setembro de 1942 - 15 de março de 1998)
Sebastião Rodrigues Maia, carioca, nascido na Tijuca, começou a compor quando ainda era criança, e já surpreendia seus 17 irmãos (sendo ele o caçula). Desta época de infância e adolescência começou seus primeiros conjuntos, que fizeram parte alguns de seus amigos que viriam a se destacar também na música brasileira, Erasmo e Roberto Carlos, Jorge Ben, e outros.
Com apenas 17 anos, vai para os Estados Unidos com o sonho de estudar cinema. Lá Tim trabalhou como garçom, cozinheiro, em asilos, como ele mesmo disse: "trabalhava em tudo, mas em geral só onde me davam comida e pousada". Lá passou por maus bocados e aprendeu o que seria de mais importante para sua carreira, os fundamentos da soulmusic, e ainda começou seu envolvimento com drogas. Depois de 4 anos, tendo sido preso algumas vezes, foi pego com alguns amigos fumando maconha em um carro roubado, que o levou a uma prisão de oito meses, e em seguida foi deportado para o Brasil.
De volta ao país, sempre compondo e tocando, é convidado por Elis Regina em 1969 para gravar um dueto de "These Are The Songs", uma composição de Tim.
A gravação chamou a atenção de todos, o que rendeu para o garoto ainda desconhecido a gravação de seu primeiro disco, que já de cara rendeu sucessos como: Primavera e Todo Azul da Cor do Mar.
Os Anos 70
Nesta década, continuou lançando sucessos, e ficando cada vez mais famoso com suas músicas dançantes. Mas mesmo assim pode se dizer que teve altos e baixos, ainda enfrentava dos amigos o descaso de ter sido preso, tinha problemas financeiros e com drogas.
Um ser Racional (1975-1976)
Durante estes dois anos o cantor esteve envolvido com a ideologia "Cultura Racional", e lançou nesta época dois álbuns, Tim Maia Racional, volumes 1 e 2 .
Passado esta fase o próprio Tim renegou estes discos, tirando de circulação, tornando-os discos itens de colecionador. Apesar das letras serem um pouco fracas, o instrumental é muito bom, tendo o privilégio de não ter os sucessos de Peninha, e canções bregas que fizeram parte do repertório em outras fases.
Com este desligamento, voltou a seu antigo estilo de música e vida, compondo mais sucessos como: "Sossego" e "Acenda Farol" (do LP "Tim Maia Disco Club", de 1978).
Anos 80
Lançou em 1983 o LP O Descobridor dos Sete Mares, com destaque para a canção – titulo "O Descobridor dos Sete Mares" (Michel e Gilson Mendonça) e "Me dê Motivo" (Michael Sullivan/Paulo Massadas) um dos seus maiores sucessos. Outro disco importante da década de 1980 foi "Tim Maia" (1986), que trazia o hit "Do Leme ao Pontal".
Artista com histórico de problemas com as gravadoras, na década de 1970 fundou seu próprio selo, primeiramente Seroma e depois Vitória Régia, o qual lançou os álbuns "Tim Maia interpreta clássicos da bossa nova", "Voltou a clarear" e "Nova era glacial".
Anos 90
Os anos 90 foram marcados pela briga de Tim com as gravadoras, retomou a idéia da Seroma e da gravadora Vitória Régia Discos, pela qual passou a fazer seus lançamentos.
Foi regravado por artistas pop do Brasil (Paralamas do Sucesso e Marisa Monte). Em 1992 lança o famoso disco ao vivo, e em 1993 chama atenção quando é citado por Jorge Ben na música "W Brasil" e grava a música "Como Uma Onda" (Lulu Santos e Nelson Mota), sendo um grande sucesso.
Durante a década ainda gravou alguns discos, sendo em seu estilo ou de bossa nova, em 1996 lança dois álbuns ao mesmo tempo "Amigo do rei" e "Os Cariocas".
Em 1997 lançou mais três álbuns, e neste mesmo ano fez uma viagem aos Estados Unidos.

Mentes Nubladas


ATENÇÃO: Essa é uma história baseada em fatos reais.
Fernando Cintra perdeu a mãe aos três anos de idade. Foi criado pelo pai, que era alcoólatra. Sua infância foi normal. Seu pai sempre foi atencioso e carinhoso, mesmo embriagado, nunca bateu em Fernando.
“Meu pai foi a melhor pessoa da minha vida. Foi pai e mãe para mim. Era raro encontra-lo sóbrio, mas não fazia a menor diferença. Entornava uma garrafa de vinho, e mesmo assim, continuava o mesmo. Nunca arrumou confusão ou briga”.
Vendo seu pai beber com satisfação, e associando a bebida com algo prazeroso, Fernando não pensou duas vezes quando um amigo lhe convidou para tomar ‘umas’ cervejas. Tinha quinze anos. Como qualquer adolescente, achava-se maduro para beber.
“Bebemos seis garrafas de cerveja. Eu fiquei mais pra lá do que pra cá. Meu pai percebeu que eu estava bêbado quando cheguei em casa. ‘Vou apanhar’ pensei. Mas ele só me disse para não beber muito. Não deu importância ao caso. No dia seguinte, tive minha primeira ressaca, que foi terrível. Vomitei e fiquei com dor de cabeça o dia todo. Disse pra mim mesmo que nunca mais ia beber. Pura balela. Uma semana depois estava lá eu de novo bebendo”.
Com dezoito anos, Fernando matriculou-se no curso de geografia do CESUPA (Centro Universitário do Pará) em Belém. Para pagar as mensalidades, trabalhou como office-boy em um escritório de contabilidade.
“Andava o dia inteiro entregando boletos e fazendo cobranças. Por quatro anos, trabalhei de sol a sol, gastando a sola do sapato. O dinheiro que ganhava, mal dava para pagar a faculdade. Meu pai interava, e ainda me dava mesada para sair com os amigos. Gastava a mesada em festas e bares. Quando acabava a grana, pendurava a conta em bares amigos. No final do mês, ficava no vermelho pagando contas de bar”.
No último ano do curso de geografia, Fernando conheceu uma garota, que lhe tirou o sono. Maria era uma carioca que ele conheceu em uma festa da faculdade. Logo, os dois começaram a namorar e fazer planos para o futuro.
“Ela só me falava em voltar para o Rio de Janeiro. Prometi a ela, que um dia a levaria de volta para o Rio, onde viveríamos para sempre (...) Na época do namoro, sabia que ela não gostava de bebidas, tão pouco, que eu bebesse. Infelizmente isso não me fez parar. Não podia beber em bares conhecidos, onde meus amigos e os amigos dela freqüentavam. Tinha que beber em bares pequenos e às vezes, desagradáveis. Costumava beber além da conta, chegar em casa e apagar na cama. Percebi que estava ficando alcoólatra, quando acordava no dia seguinte, e já não tinha ressaca, e sim, vontade de beber mais”.
Com o diploma nas mãos, Fernando lecionou geografia em uma escola pública. Casou-se com Maria, em 1994. Estabeleceram-se em um pequeno apartamento de classe baixa. Dois anos depois, Fernando passou no concurso para professor de geografia na Universidade Federal do Pará.
“Simplesmente não acreditei quando vi o resultado. Era a oportunidade da minha vida. Contei a novidade para Maria, e corri para o bar mais perto”
De dia, professor de uma respeitada Universidade, depois do expediente, um alcoólatra. Fernando bebia todos os dias. Mas ele não se considerava um alcoólatra.
“Para mim, era normal beber cerveja, ou tomar uma dose de uísque depois de dar aulas. Era um momento de fuga e lazer. O que eu não percebi, é que quanto mais eu bebia, mais o meu comportamento mudava (...) Um dia, Maria me perguntou sobre aquela promessa de levá-la para o Rio, respondi que o Rio era o último lugar onde eu iria morar”.
Os desentendimentos entre o casal foram ficando intensos. A paciência de Maria, esgotava-se a cada dia. O final aproximava-se.
“Refeições em silêncio, olhares em fuga, sem beijos, sem carícias e sem conversas. Maria deitava-se na cama, e ao seu lado, não estava mais aquele cara que prometia levá-la para o Rio de Janeiro, para viverem na cidade maravilhosa. Ao seu lado, estava um homem bêbado e satisfeito com sua vida em Belém, que pensava que o Rio era cidade de traficantes e violência (...) Lembro como se fosse ontem, quando ela chegou com os papéis do divórcio. De longe, o pior dia da minha vida. Disse a mim mesmo ‘O que foi que você fez? seu idiota’. (...) Duas opções surgiram naquele dia, ou eu continuava a beber, ou parava ali mesmo, graças a Deus, escolhi a segunda opção (...) Curiosamente, hoje moro no Rio, e não bebo mais. Sou casado há dois anos com uma professora de dança. Quanto há Maria, ela ficou com a casa, e mora sozinha em Belém”.

Efeitos, mitos e verdade do álcool


Os efeitos do álcool



Com 1 ou 2 doses, a inibição vai desaparecendo. Acontece uma mudança sutil de estado de espírito: aquele problema aparentemente insolúvel já não parece tão terrível assim. Fica-se auto confiante.
Depois de 3 doses, diminui a coordenação motora do indivíduo, que chega a derrubar o copo. A essa altura, ele também perde um pouco da capacidade de julgamento - isto é, de distinguir o certo do errado.
Pela lei brasileira, quem tomou 3 doses, em média, não pode mais dirigir. O máximo permitido é 0,6 grama de álcool por litro de sangue. Isso equivale a cerca de duas doses de uísque.
O papo que estava bom após o primeiro copo fica difícil após 4 doses. Isso acontece porque o cérebro tem dificuldade para funcionar. Essa quantia afronta não só o raciocínio como também as restrições sociais. É quando o tímido consegue passar cantadas impensáveis quando está sóbrio.
A hora de parar já passou. Com 5 ou 6 doses, o álcool provoca danos à capacidade psicomotora. Andar torna-se uma tarefa difícil e penosa. As emoções ficam exageradas: chora-se por uma bobagem ou morre-se de rir com uma piada sem graça.
Com 7 a 8 doses, o indivíduo chega a fazer força para conversar direito, mas a fala sai arrastada. Para piorar, a vista fica embaçada. A coordenação motora e a capacidade de raciocínio são profundamente prejudicadas.
Quem consegue chegar a 9 ou 10 doses passa a ver tudo dobrado. De pé, lembra um bebê que está aprendendo a andar. Tarefas simples como amarrar os sapatos ou assinar o cheque da conta é praticamente impossível. Perigo de explosões emocionais, como chamar um brutamontes para uma briga.
A partir de 11 doses, ocorre a perda total das inibições. É quando o bêbado fica "folgado". Em alguns casos, ele não entende o que se passa à sua volta.
Se passar de 15 doses, pode entrar em estado de choque. Com mais de 25, a parte do cérebro responsável pela respiração ameaça falhar. Perigo de morte.

Mitos e verdades do álcool



Beber não melhora o desempenho sexual. A bebida aumenta o desejo, mas estraga o desempenho dos homens. É fato que o álcool diminui inibições, inclusive as sexuais. Mas também faz cair à produção do hormônio masculino, a testosterona.
Não adianta tomar café ou banho gelado para ficar sóbrio. É o fígado que metaboliza o álcool na corrente sanguínea. Nem café nem água gelada apressam o funcionamento dele.
Comer antes de beber, ou durante, diminui o efeito do álcool. Isso acontece porque a própria comida, quando encontra o álcool no estômago, absorve parte da substância. Evita que ele passe ao intestino delgado e, dali, chegue ao cérebro pela corrente sanguínea.
Misturar bebidas não deixa o sujeito mais bêbado. O que deixa o indivíduo mais embriagado é a quantidade de álcool que ingeriu, não o tipo de bebida. Tomar bebidas de sabores diferentes, uma em seguida à outra, pode deixar o beberrão apenas mais enjoado porque os diferentes sabores geralmente não combinam. O cérebro não tem como saber se o álcool que chega a ele é de um licor ou de um uísque.
Mulher grávida não pode beber. O álcool causa vários danos ao feto: retardamento mental, anormalidades orgânicas e problemas de aprendizado no futuro. Mas não induz ao alcoolismo. Não se sabe exatamente a partir de qual quantidade de álcool esses efeitos nocivos aparecem. Por isso, o melhor é não arriscar.

Um Poeta No Rock



Por Luis de Moraes Júnior

James Douglas Morrison nasceu em Melbourne (Florida) em 8 de dezembro de 1943. Posteriormente conhecido como Jim Morrison, liderou a banda de rock The Doors, uma das mais importantes da história do rock, e segundo vários especialistas, a que melhor sintetizou os anos 60.
Já na adolescência, Jim se destacava como sendo um aluno extremamente inteligente, suas altas médias em todas as matérias o colocou mais de uma vez no quadro de honra da sua escola. Estudou profundamente a filosofia de Nietzsche, cujo pensamento errante e profético, fundamentado na tradição dionisíaca-apolínea dos antigos gregos, o influenciaria não apenas na concepção ritualística de seu futuro grupo musical como na sua postura de vida. Leu tudo de Kerouac, Ginsberg e todos os demais escritores beats, além de Baudelaire, Verlaine e outros poetas simbolistas franceses. Em sua cabeceira estavam Ulisses, de James Joyce e The outsider, de Colin Wilson, e o primeiro livro que o impressionou foi On the road, de Jack Kerouac, sobre a geração beat.
Mas o poeta que realmente o impressionava, tanto por sua poesia quanto por sua vida bizarra, era o adolescente maldito Rimbaud. Outra inegável influência literária que o entusiasmava por este tempo era o poeta vidente inglês William Blake, cuja famosa citação sobre “as portas da percepção” (The doors of perception) serviria para batizar o grupo The Doors.
Aos vinte anos, matriculou-se na Universidade da Califórnia, em Los Angeles, no curso de cinema, onde teve como colega de classe Francis Ford Coppola (diretor consagrado de clássicos como Apocalypse Now e o Poderoso Chefão). Nesta época, Jim morava sozinho em um sótão, onde escrevia e guardava uma série de poemas, muitos dos quais viriam a ser letras de música algum tempo depois.
Foi em 1966, aos 22 anos, que encontrou Ray Manzarek (músico e também estudante de cinema) e após mostrar-lhe algumas de suas letras, resolveram fundar o grupo The Doors. Começaram a tocar num clube de Los Angeles, onde o diretor de uma pequena gravadora após tê-los assistido, lhes ofereceu um contrato para gravar. Em 1967, o LP The Doors é lançado, sendo um grande sucesso de público e crítica. Até hoje a música “Light my fire”, presente neste disco, é tocada nas rádios por todo o mundo.
De 1967 a 1971, Jim gravou seis discos de estúdio com sua banda e lançou dois livros, até a sua morte em Paris, aos 27 anos.
Jim Morrison era o que se chama de um artista semiótico, tinha conhecimento de várias artes como o cinema, música, literatura, teatro e dança. Suas letras na verdade eram poemas de grande qualidade e valor artístico, as apresentações dos Doors eram muito mais do que simples shows, eram verdadeiros rituais, onde o vocalista cantava, declamava, dançava, interpretava e fazia discursos de cunho filosófico e político, incitando o público a se libertar dos grilhões que cerceiam a liberdade, e a serem eles mesmos. Ele vivia sua arte não apenas no palco, como também no dia a dia. Jim viveu intensamente uma vida de escândalos e abusos de todo tipo, o que lhe custou muito caro. Não apenas morreu muito jovem em circunstâncias obscuras, como também teve sua imagem de artista arranhada pelo seu estilo de vida. Infelizmente, a maioria das pessoas (inclusive seus fãs) prefere lembrar-se dele como o roqueiro autodestrutivo e porra-louca ao grande artista que foi.
Diferente de artistas como Bob Dylan e Renato Russo, que são poetas do rock por escreverem letras que podem ser consideradas poesias, Jim Morrison era um poeta no rock, pois sua principal intenção era ser reconhecido como poeta, usando a música como meio para divulgar sua obra. Ele próprio dizia ser um rockstar por acaso, e fazia parte de seus planos se desvencilhar desta imagem. Pena ter morrido antes.
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Celebration of the lizard -
poema traduzidoA Celebração do Lagarto

Leões errantes nas ruas, cães no cioRaivosos espumantesBesta enjaulada no centro da cidadeO corpo de sua mãeApodrecendo no chão do verãoEla fugiu da cidade
Desceu para o sul, cruzou a fronteiraDeixou o caos e a desordem pra trás
Acordou certa manhã num hotel verdeCom um estranho ser sibilando ao ladoO suor saía por sua pele reluzente
Estão todos aí?A cerimônia vai começar!Acorde!Você não consegue lembrar onde estava.Este sonho já havia terminado?
A serpente era de ouro esmaecido vítrea e enroscadaReceávamos tocá-laOs lençóis eram prisões quentes e letais e ela ao meu ladoNão era velha...jovemSeu cabelo ruivo escuroPele branca e maciaAgora, corre até o espelho do banheiroOlha!
Aí vem elaNão posso vivenciar cada lento século de seu movimentoMe abaixo e encosto a face nos ladrilhosSinto o bom sangue frio e espetanteSuave sibilo das serpentes da chuvaCerta vez fiz um joguinho

Regressar rastreando em meu cérebro
Sabe de que jogo estou falandoÉ o jogo chamado "fique louco"
Agora tente este joguinhoFeche os olhos, esqueça seu nomeEsqueça o mundo, esqueça as pessoasE juntos ergueremos um novo campanário
Este jogo é divertidoFecham-se os olhos e não tem como perderEstou bem ali vou tambémDesligue o controle, romperemos as barreiras
Mergulhar longe, fundo no cérebroMergulhar no passadoContornando minha dorAté as paragens onde jamais choveA chuva cai suavemente sobre a cidade
Sobre a cabeça de todos nósNo labirinto das correntesNo fundo, a presença extraterrestreDos inquietos habitantesDas serenas colinasAbundância de répteisFósseis, cavernas, glaciares
Cada casa repete o mesmo moldeJanelas cerradasCarro selvagem trancado, desafiando a auroraTudo dormeSilentes as tapeçarias, espelhos vaziosPó velado sob as camas dos legítimos casaisEnrolados nos lençóisE suas filhas arrogantesCom olhos de sêmem nos bicos dos seios
Espere!Houve aqui uma chacina(não pare pra falar e olhar em volta)Abandonaremos a cidadeNa debandada geralSó com você quero partir
Não tocar a terraNão olhar o solNada resta senãoCorrer, correr, correrVamos correrCasa na colinaLua imóvelSombras das árvoresAtestam a veloz ventaniaCorre comigo, meu bemVamos correr
Corre comigoCorre comigoCorre comigoVamos correr
Mansão aconchegante no cimo da colinaQuartos ornados com todos os confortosRubros os braços dos sofás luxuriantesE de nada saberá enquanto não entrar
No carro do motorista, o cadáver do presidenteRonca o motor em graxa e alcatrãoVamos, pois não iremos muito longeAo distante oriente encontrar o czar
Muitos marginais moravam ás margens do lagoA filha do pastor é apaixonada pela serpenteQue vive num poço a beira da estradaAcorde menina! estamos chegando!
Sol, sol, solArde, arde, ardeLua, lua, luaTe pegareiLogoLogoLogoSou o rei lagartoPosso fazer tudo!
DescemosRios e autoviasDescemos pelasFlorestas e cascatasDescemos porCarson e SpringfieldDescemos porPhoenix enfeitiçadosPosso lhe contarOs nomes do reinoPosso lhe contarAs coisas que já sabe
Tentando escutarUm bocado de silêncioSubindo os vales até as sombras
Por sete anos habiteiO palácio desgarrado do exílioPraticando jogos bizarrosCom as moças da ilhaRegresso agoraAo país do belo e forte e sábioIrmãos e irmãs da floresta esmaecidaÓ crianças da noiteQual de vós participará da caçada?Eis que a noite retorna com suas púrpuras legiõesRecolham-se as tendas e aos devaneiosAmanhã entraremos na cidade onde nasciQuero estar preparado.

segunda-feira, 3 de março de 2008

Malditos e marginais da MPB




“Praia de Ipanema Simonal sorrindo. Vai na Montenegro toma um chopp e sai”

Paulo Diniz/Odibar

Carioca, Wilson Simonal, nome que talvez seja familiar para muitos, o cantor chegou a fazer enorme sucesso nas décadas de 1960 e 1970. Mas como nem tudo no mundo artístico é uma maravilha o cantor passou por maus bocados, e em vida não teve ainda, o que talvez ele mesmo pudesse achar ser o seu maior sucesso. Veja a seguir um pouco deste artista que estaria fazendo aniversário na ultima terça-feira (26).

Wilson Simonal, 1939-2000
Começou sua carreira em 1961, atuando como crooner, cantou calipsos e rocks em inglês. Nesta época participou dos conjuntos “Dry Boys” e “Os Guaranis”. A convite do apresentador “Carlos Imperial” participou do programa “Os Brotos Comandam”.
Das noitadas dos bailes, de boate em boate, foi parar no templo da Bossa Nova, o “Beco das Garrafas”, levado por Miéle e Ronaldo Bôscoli.
Em 1963, Simonal lançou seu primeiro LP, que estourou a música “Balanço Zona Sul”, de Tito Madi, e no ano seguinte viaja pelas Américas do Sul e Central, junto com o grupo Bossa Três.
Nos anos de 1966 e 1967 apresentou na TV Record o programa “Show em Si Monal”, que o revelou como um grande “showman”. E em seguida veio sua melhor fase, lançou músicas que estouraram pelo país, “País Tropical”, “Mamãe Passou Açúcar em Mim”, “Meu Limão, Meu Limoeiro” e “Sá Marina”, este estilo swingado de Simonal foi batizado como “Pilantragem”.

“Simonal o dedo duro”
No começo da década de 1970, tudo muda, houve um desfalque em sua empresa, seu contador foi acusado supostamente de ter sido o culpado pelo roubo, e durante os interrogatórios Simonal foi acusado de ser informante do Dops, em 1972 foi condenado.
Desmoralizado no meio artístico, sua carreira começou a declinar, e a repressão imposta pela ditadura militar brasileira, levou os jornalistas a acreditarem que Simonal era mesmo o informante da SNI, e assim a imprensa o condenou sem provas.
Depois de sua morte, a família requisitou a abertura do processo, para verificar a acusação de informante do regime. Foram reunidos depoimentos de diversos artistas, além de um documento que o então secretário de Direitos Humanos, José Gregori, atestava que não havia evidências - fosse nos arquivos do SNI ou no Centro de Inteligência do Exército - de que Simonal houvesse sido delator.
Como resultado, o músico foi reabilitado publicamente pela Comissão Nacional de Direitos Humanos da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), em 2003.

Independente das acusações políticas, e dos altos e baixos, “Simonal” sempre se dedicou a sua carreira, gravou cerca de 30 discos, e fez uma carreira que merece a atenção do leitor que se interesse pela boa música brasileira. Mesmo que as vezes esteja esquecida pelos grandes meios de comunicação.

Me fale palavras que eu lhe darei poemas




Meu nome é Luis de Morais Júnior, tenho 24 anos, sou aluno do curso de Letras das Faculdades Asmec de Ouro Fino/MG. Professor de Literatura recém-contratado em caráter probatório do curso Pré-Vestibular do Colégio Anglo de Jacutinga, funcionário público concursado como atendente, sou recepcionista do Pronto Atendimento Municipal.
Desde os nove anos que tenho paixão por literatura, e desde os 15, 16 anos que nutro essa pretensão de ser poeta e escritor. Andei por muito tempo na surdina, escrevendo versos que acreditava que só seriam lidos por mim e por pessoas muito próximas. No entanto, esta pretensão foi crescendo e passei a acreditar que um dia pudesse ter alguns textos publicados, e quiçá, vir a ser escritor por profissão e lançar alguns livros. Para isso, aprofundei-me nos estudos e passei a praticar com mais afinco, até que chegou esta oportunidade de escrever algo para este jornal.
Apresento aqui 4 poemas meus, que apresentam algumas facetas da minha poesia, e embora não representem meus escritos mais recentes, talvez sirvam como uma apresentação do meu trabalho. “O Vento” e “Amor à Musa” datam da minha adolescência, e apresentam uma temática e linguagem mais singelas e pueris, reflexo da idade, das minhas leituras na época, além é claro, da pouca experiência.
Já “Últimas Palavras” é um poema de transição. Escrito por volta dos meus 20 anos, representa um relativo abandono da temática antiga por uma mais existencialista, além de um uso mais acentuado de figuras de linguagem.
Por fim, “Rebecca”, escrito em abril do ano passado, apesar do caráter pessoal e da intenção de soar quase como uma declaração de amor, apresenta uma linguagem mais rebuscada e uma construção mais livre, características que têm sido a tônica da minha poética mais recente, e norteia minhas intenções futuras. Este poema, em especial, traz algumas referências clássicas e mitológicas, auto-ironizadas pelo próprio eu-poético, confessando a falta de total domínio do objeto ao qual se refere.
Optei por esses poemas mais antigos com a intenção de guardar os atuais para um momento mais propício, visto que pretendo, dentro de 2 ou 3 anos, fazer uma seleção e compilá-los para quem sabe publicá-los de alguma forma, mesmo que independente. Agradeço a este veículo pela oportunidade, e mando um abraço à minha família, meus amigos, e a Rebecca de S. Bittencourt Rodrigues, que tem sido como um bálsamo às feridas da minha alma.






O Vento

Escrevi amor num papel
Me apaixonei com palavras
Te amei num momento
Rasguei o papel, joguei ao vento.

O mesmo vento que levou o papel
Levou saudade e agitou seus cabelos
Te lembrou um tempo de infância
Ergueu uma pipa no céu.

Moveu as folhas de uma árvore
Fez um rodamoinho na areia
Embalou o vôo de um pássaro
Fez tremular uma bandeira

Atravessou todo continente
Soprou a água do mar e moveu o barco
Provou que estou errado
Em achar que não existe Deus.





Amor à Musa

Amo as flores
Com o coração de menino
Assim mesmo como Sabino
Um viramundo que vê o mundo
Com olhos fantasiosos, bucólicos

Amo os animais
Assim de longe, como quem se espanta
Tentando buscar na infância
A maravilhosa virtude de se surpreender
Amem ao renascer, ao amanhecer, e ora pois, ao sofrer

Amo a cidade
Com sua estranha poesia concreta
Desde sempre espiei pelas frestas
Buscando a poética por vezes perdida
Entre carros e casas, tristes esquinas.

Amo as pessoas
O homem que vende sonhos
A criança que inocente sonha
A mulher que me faz sonhar
E o poeta, que me ensina a amar.

Amo, por fim, o impossível
O inconstante, imprevisível
Do certo não se faz bons versos
E sim dos sonhos, dos delírios
Nascem frases, estrofes, bons livros.




Últimas Palavras

Na solidão da noite ofusca
O coração lanterna luz difusa
O afogamento de lágrimas de sangue
Entre palavras dos livros na estante.

Esconde o sorriso que ele não existe
Deixou de existir neste momento apenas
Acende um cigarro pelo filho
Joga a comida fora, devora a centelha

Ninguém ordenou, tu és por acaso
Este desajuizado que remói tristezas
Figura triste de um louco poema
A ser projetado na tela do cinema

Reza um pai-nosso e uma ave-maria
Quem com fé espera, sempre alcança
Chegar a hora de ir-se embora
Levando consigo o perfume de rosas

E o amanhã, afiado como uma faca
Virá sem pena cortar as cabeças
E então tens que estar preparado
Pra cumprir sem medo a sua sentença.

Acertar com Deus com dignidade
As contas das suas doces diferenças.




Rebecca

Teu nome é lindo, bíblico
Encanto de serpente, anjo indecente
Pecado?
Talvez te amar seja a minha sina
Quem sabe até um triste fardo
Uma peça do destino, fatal
Mas gostaria de ser imortal
Nas asas de meu desejo
E me aproveitar do ensejo
De poder ser poético
Mesmo diante do trivial

Quando te abracei
Na manhã de um belo domingo
Meio triste e meio sorrindo
Senti-me como se esmagasse flores
E me vi novamente vítima dos meus amores
E te entreguei o que de minha alma restava
Ela que mesmo eu ainda estando vivo
Errante e amarga, já penava

Estou me cansando paulatinamente
Destes meus versos tão trágicos
Então procuro lembrar do momento mágico
Em que pela primeira vez meus lábios tocaram os seus
Aquele momento foi como um adeus
Às intermináveis noites de solidão
E desde então embriago-me com a paixão
Com a qual substituí o vinho
Estou cansado de Dionísio
Quero agora descansar com Afrodite
Por favor, amor, acredite

Teus olhos negros são tão profundos
Quanto os versos do poeta Catulo
E eu com minhas escassas
Referências à era clássica
Sinto por ti um amor épico
Com a benção de Deus e de Eros
E espero de meus herdeiros
A semente da coragem de um guerreiro
Que com um amor sincero
Iremos em seus corações plantar.

Saiba onde tem o melhor preço antes de comprar
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